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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Campanha Por um Brasil Livre de Transgênico completa 10 anos


O debate sobre os organismos geneticamente modificados é cada vez mais urgente. Na sociedade movida pelo consumo e pautada, agora, nas questões de soberania alimentar e produção sustentável e de qualidade, as consequências da indústria transgênica estão bastante presentes no dia a dia do brasileiro.

Basta dizer simplesmente que não há estudos científicos que tratem firmemente dos efeitos desses elementos. Por outro lado, movimentos sociais organizados apontam urgentemente os danos, cada vez maiores, nas populações agrícolas, na contaminação das águas, na contaminação em espécies não transgênicas.

Para difundir essas informações e alertar a população sobre a alimentação que está em sua mesa ou no grão que será plantado pelo (a) agricultor (a), há 10 anos foi lançada a campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos.

A Adital conversou durante o Seminário sobre Proteção da Agrobiodiversidade e Direito dos Agricultores - Propostas para enfrentar a contaminação transgênica do milho, que aconteceu nesta terça-feira (25), em Curitiba (PR).

Adital - Que avaliação você faz desses 10 anos da campanha? Houve avanços?

Gabriel Fernandes - Nesses dez anos, a gente não pode avaliar os sucessos, os resultados só pensando na quantidade de espécies transgênicas que foram liberadas e estão sendo cultivadas no Brasil. A gente tem que pensar na campanha como um processo político, de mobilização. Desse ponto de vista, conseguimos resultados bastante importantes.

Se a gente imagina, por exemplo, que há 10 ou 15 anos, as empresas de biotecnologia tinham um plano de introduzir os transgênicos na nossa agricultura e na nossa alimentação sem que ninguém soubesse do que se tratava, sem que houvesse tempo para que os movimentos de resistência pudessem se organizar.

Com certeza, esse plano original das empresas deu errado. Como resultado da campanha, há um debate público e as empresas, por mais que tenham apoio do governo, têm certas dificuldades de conseguir implementar o projeto de transformar a agricultura numa atividade industrial onde todos os insumos são fornecidos por meia dúzia de grandes empresas.

O fato de esse movimento existir, de forma articulada, há 10 anos, e cada vez atraindo novos atores, é um indicador de que a luta tem conseguido seus passos.

Adital - Como se dá a articulação da campanha?

Gabriel Fernandes - No dia a dia, nós temos um núcleo animador da campanha que está em contato permanente. Estamos constantemente debatendo as estratégias, pensando ações, intervenção no campo jurídico, pensando ações de mobilização e comunicação.

Esse grupo também tem o papel de acionar um conjunto maior de organizações, numa forma mais ampliada. Pessoas que apóiam o movimento e têm pontos em comum com a iniciativa, e ajuda a difundir as informações sobre quais são os efeitos dos transgênicos e quais as alternativas que construímos no dia a dia.

Adital - A questão dos efeitos dos agrotóxicos ainda é pouco trabalhada. Podemos dizer que, ao longo desses 10 anos, as pessoas estão mais informadas sobre o assunto?

Gabriel Fernandes - A comunicação continua sendo um grande tema. E é um tema em disputa. Da mesma forma que a gente quer comunicar, explicar para a população o que são os transgênicos, a situação do meio ambienta, quem ganha com isso, as grandes empresas de biotecnologia elas também investem muito na comunicação. Evidentemente, elas têm mais recursos para isso, têm mais acesso a grande mídia. A gente entende que é um tema que está em disputa. Por isso, valorizamos cada vez mais os canais alternativos de comunicação, e aqueles canais de informação que as organizações dos agricultores, dos camponeses estão utilizando. Sabemos que estamos no caminho certo.

Para conhecer mais a campanha: http://www.aspta.org.br
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FONTE : (Envolverde/Adital)

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