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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mudança climática: “Não queremos mais saber de desculpas”


As economias em desenvolvimento são mais vulneráveis ao aquecimento global e necessitam de fundos para implementar as tão necessárias medidas de mitigação e adaptação. Este é um dos pontos-chave que devem ser encarados na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em Copenhague. Foi o que afirmou o ministro de Habitação, Transporte e Meio Ambiente de Maldivas, Mohamed Aslam.

Representantes de governos se reunirão na capital dinamarquesa entre 7 e 18 de dezembro para fixar novas metas de emissão dos gases causadores do efeito estufa, que, segundo a maioria dos cientistas, são a causa do aquecimento do planeta. Países industrializados, como os Estados Unidos, insistem que as economias de rápido crescimento, como China e Índia, devem se comprometer a reduzir suas emissões, enquanto estas dizem que as nações do Norte as a principal razão do aquecimento global.

Mohamed esteve recentemente em Manila para participar de um fórum regional sobre mudança climática. Em entrevista à IPS, expressou sua frustração por este discurso nas negociações, que somente visa culpar os outros. “Não importa quem o fez”, afirmou, acrescentando que agora o fundamental é que “quem tem os fundos deve torná-los disponíveis para aqueles que precisam do dinheiro”. O arquipélago de Maldivas, no oceano Índico, é um dos países mais vulneráveis à mudança climática, já que seus 1.190 habitantes vivem a apenas dois metros acima do nível do mar.

O Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) alerta repetidamente que um aumento no nível dos oceanos em consequência do aquecimento global pode exacerbar os fenômenos de tempestades e a erosão costeira nas pequenas ilhas. Mohamed disse que o governo de Maldivas faz o que pode, mas lembrou que com recursos modestos é impossível implementar as caras medidas de adaptação e mitigação.

IPS- Quais são os principais temas que o painel de Maldivas apresentará durante o encontro em Copenhague?

Mohamed Aslam- Não queremos ver uma troca de culpas. Não importa quem é responsável. O que importa é quem tem os fundos deve disponibilizá-los para quem precisa. Necessitamos de tecnologia. Não precisamos de donativos, mas de sócios que venham e nos ajudem. Não queremos mais estudos nem planos de ação. Já há o suficiente disso. Temos uma visão clara do que é preciso fazer agora. Não queremos falar de reduzir os gases que provocam o efeito estufa. Queremos que o mundo invista em tecnologias verdes. Continuaremos usando ventilador e ar-condicionado. Não deixaremos de fazê-lo. Por isso devemos desenvolver uma alternativa para produzir energia.

IPS- Esperam atualmente os efeitos da mudança climática?

Mohamed- Todos os efeitos previstos, como erosão, inundações, tornados, secas e mudanças no padrão das chuvas estamos vivendo em Maldivas. Muitas áreas costeiras também sofrem erosão. Não víamos isso quando éramos crianças. Nos últimos anos, o governo teve de fornecer água potável a muitas de nossas ilhas. Também vemos muitas inundações. Em 2005 houve uma grande inundação, que não foi causada por um tempestade próxima da gente, mas distante. Maldivas é uma zona livre de tempestades. Como as ilhas do país estão em um nível baixo, qualquer tornado acima do normal causa inundações.

IPS- Como o governo de Maldivas se prepara para a mudança climática?

Mohamed- O governo está orientando. É o melhor que podemos fazer. Queremos mudar os hábitos das pessoas. A solução de longo prazo para este problema é todos se envolverem. Todos devem perceber que tem algum nível de contribuição para ajudar no problema. Destinamos dinheiro para a proteção costeira, bem como para tratar a carência de água potável. Não podemos tratar dos principais assuntos sozinhos. Simplesmente não temos fundos. A adaptação não é barata. Necessitamos de quase US$ 40 milhões apenas para proteger a linha costeira de uma ilha.

IPS- Recebem assistência financeira de agências multilaterais?

Mohamed- Nada significativo. Fala-se muito de financiamento disponível, mas não sei quantos países o receberam. Nós não recebemos. Talvez não saibamos como obtê-lo. Talvez alguém nos dia como.

IPS- Qual o projeto mais urgente de que precisam para proteger Maldivas dos impactos da mudança climática?

Mohamed- Necessitamos implementar projetos sobre adaptação física. Temos de prevenir a erosão costeira e administrar nosso lixo.
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FONTE : Prime Sarmiento (Envolverde/IPS)

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